Some say it´s a T(r)AP

Mas eu não acredito. Não só me deixa contente que este Governo avance com as propostas eleitorais (que aliás deveriam ser assim designadas deixando cair a forma “promessas”) como enquanto cidadã me apraz que o Estado encontre finalmente o seu lugar e abandone sectores estratégicos que devem estar nas mãos dos privados pois é a eles e não ao Estado que cabe a dinamização da Economia.

Muitas foram as vozes, não tantas felizmente quanto as favoráveis, que se insurgiram contra o avanço do processo de privatização. Neste artigo vou deixar a biografia de David Neelman, o perfil do português que está envolvido no consórcio, Humberto Pedrosa e um artigo d´O Insurgente quanto à verdade dos números de que todos falam mas que muito poucos de facto conhecem.

É fácil criticar um Executivo que abandona uma “companhia de bandeira” como a TAP que mantém a simpática quantidade de 10.8 mil trabalhadores mais administradores nomeados e sindicatos. Um verdadeiro festim para os amantes do Antigo Regime. O mais engraçado é que a grande maioria das pessoas se esquece que estes monstros encontram a sua continuidade no facto de estes terem sido em tempos nacionalizados. E são muitos os exemplos: TAP, REFER, Carris, ENVC, RTP e tantos outros. Como é possível que pessoas que se queixam de não haver dinheiro para a Saúde, para a Justiça e para a Educação, por exemplo, sejam capazes de estar contra as privatizações? Mas acaso as pessoas pensam que há algum filão de ouro inesgotável que sustenta ad eternum a República?

Como é que as pessoas se podem insurgir contra os políticos, e com razão, e não tratam com a mesma isenção estes casos? Não são todos trabalhadores do Estado? Será que o que assusta a maioria das pessoas é a ideia de que pelo menos 50 mil pessoas vão ter que ir trabalhar finalmente? Será que as assusta saber que os seus filhos e netos já não encontraram assento num qualquer lugar de uma qualquer destas estruturas podendo passar a vida a gozar de regalias sem fazer nenhum?

É de facto assustadora não só a forma como a Oposição portuguesa encara estes momentos tão importantes da liberalização da economia, e sabendo que a grande maioria das pessoas ou não viaja porque não tem posses ou viaja em companhias low cost, como é assustadora a forma como os cidadãos não têm consciência e insistem em manter o status quo que tanto criticam noutras esferas. Hipocrisia ignorância ou ambas?

O que vale é que este Executivo está determinado em mudar o paradigma e tem desenvolvido enormes esforços nesse sentido. Espero que se ganharmos em Outubro, que a senda de privatizações continue e se retire de uma vez o Estado de lugares onde ele não deve estar.

Privatizar não significa só retirar despesa do Estado e portanto de cima de todos nós. Significa também dinamizar a Economia, dotar os trabalhadores de critérios de competência e exigência que só o sector privado é capaz de aplicar, cumprir os critérios de livre iniciativa e de mercado exigidos pela União Europeia e que é um pressuposto de todos os países desenvolvidos, permitir que se gere riqueza, que se paguem impostos e que o dinheiro dos contribuintes seja aplicado em sectores onde de facto este deve ser aplicado e não em sectores que pertencem à livre iniciativa privada.

Retirar este carácter egocentrista e ditatorial do Estado português vai permitir que estejamos mais aptos a receber Investimento Directo Estrangeiro (IDE) que nos tornemos mais apelativos, mais credíveis e mais competitivos face ao cenário internacional e que possamos afirmar a nossa posição de centralidade face aos PALOP e ao nosso perfil marítimo.

Outra coisa que me faz confusão na forma como tanto a Oposição portuguesa quanto algumas pessoas encaram esta situação – e as vindouras – é o facto de quando confrontadas com casos de sucesso como o Inglês, o Suíço, o Espanhol e tantos outros, remetem-se ao silêncio e ficam sem argumentos. Então os outros países só nos servem de exemplo quando nos convém? Não deveríamos querer seguir os bons exemplos com que nos presenteiam?

Este caso leva-nos novamente à mesma conclusão: os portugueses continuam a achar que somos uma Nação rica e que “o dinheiro cai das árvores” e portanto podem cortar-se regalias aos políticos mas não se pode cortar ao resto da população independentemente de pertencerem às elites ou não. Será porque a maioria desses contestatários sabe que nunca alcançará um lugar politico e como tal nunca sofrerá com os cortes que pretende impôr?

Elites são elites, nichos de Poder são nichos de Poder e se criticamos uns, temos forçosamente que criticar os outros sob pena de passarmos por ressabiados e não por um povo elucidado e culto.

Não vejo a hora de ver todas as outras empresas do Estado privatizadas. Não vejo a hora de acabar com a porcaria dos sindicatos que só sabem lutar pelos seus próprios interesses esquecendo-se da Nação que os alimenta e sem a qual não existiriam.

A questão é até um pouco mais profunda mas eu vou só tocá-la ao de leve. Uma onda de privatizações vai levar a uma clara definição das funções do Estado e isso por consequência levará a uma revisão profunda da CRP – algo que me é muito grato.

Espero portanto ver no Programa de Governo da Coligação as linhas orientadoras das restantes privatizações e que estas comecem mal se inicie o mandato. Se foi possível controlar o Sindicato dos Pilotos – um dos mais perigosos do País- mais fácil, ou menos difícil será controlar os outros. Que esta onda reformista não pare pois nós precisamos de um País livre e concorrencial onde os trabalhadores sejam todos tratados da mesma forma com as mesmas exigências e regalias. Não podem haver portugueses de primeira e de segunda com tem sido até à data.

Peço desculpa por tão tardiamente me estar a dirigir a este tema mas não me foi possível fazê-lo antes.

Aqui ficam os artigos que me serviram de base e que pretendem esclarecer mais sobre este tema:

http://oglobo.globo.com/economia/negocios/david-neeleman-o-novo-dono-da-tap-16411590

http://www.noticiasaominuto.com/economia/405299/saiba-o-que-promete-o-novo-dono-da-tap

http://oinsurgente.org/2015/06/12/faq-sobre-a-tap/

2 thoughts on “Some say it´s a T(r)AP

  1. Luisa, manipulação de notícias e factos não é só feita pela comunicação social, também é feita pelo governo…..e isso, cria desconfiança pela falta de transparência com que tudo isto foi feito. Se responsabilizassem quem fez uma má gestão da TAP, com os negócios obscuros feitos com o Brasil, a falta de cumprimento dos acordos feitos pela administração da TAP com os pilotos, etc, etc, etc….poderiam as pessoas acreditar na boa-fé desta privatização, mas nada disto foi feito e continuamos a ouvir que perder para privados as empresas que deveriam ser consideradas como utilidade pública, e não me estou a referir só à TAP, é um bem para o país. Não me revejo neste PSD, nem tão pouco confio nele, o que me deixa angustiada, pois se perdem as eleições, vamos para o abismo, mas se as ganham….também lá iremos parar, mais tarde ou mais cedo. Sabes, prender o Sócrates por corrupção e abuso de poder enquanto foi Secretário de Estado ou Primeiro Ministro, foi muito bom para mostrar que ninguém está acima da Lei, mas não chega para restaurar a confiança nesta coligação. Muito menos quando se ouve que andam a jogar na Bolsa com o dinheiro da Segurança Social e perdem uns largos milhões…..tudo isto cheira a esturro.

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    • Dona Irene, muito obrigada pelo seu comentário. Vamos lá vê-lo por partes: quando me fala em manipulação de informação, vai de encontro ao que já vem sendo uma preocupação que expresso há muitos anos. Hoje em dia há um orgão de comunicação que considero credível, um jornalista e um blog, sendo o orgão de comunicação O Observador, o jornalista o José Gomes Ferreira e o blog, O Insurgente. Parece pouco para um país com tanto orgãos de comunicação por metro quadrado, não parece? Pois mas infelizmente é assim que vejo as coisas e por isso tive o cuidado de basear esta noticia em particular numa dessas fontes. As contas que lá aparecem, e isto agora já falando da transparência da operação de privatização, são correctas e fidedignas mas mais pode ser encontrado no Portal do Governo no dossier respectivo. Aliás, se há, na minha opinião, ,matéria em que este Governo tem sido muito melhor que os outros, é em matéria de transparência. Tudo está acessível à distância de um click e este caso não é excepção.

      Há um ponto em que divergimos e não conseguimos encontrar um ponto de consenso. A senhora defende que o Estado deve manter actuação em várias áreas enquanto eu defendo uma clara definição das funções do Estado e a sua retirada liminar e imediata de tudo o que não sejam as suas funções. O Estado não tem que estar em áreas estratégicas da Economia até porque já demonstrou que não tem competência para o fazer e que isso propencia os lobbies que todos nós queremos que desapareçam. E isso não é uma questão de competência, é uma questão de natureza do Ser Humano. Para além de que já ponderou quanto é que teriamos que lhes pagar para termos o seu total empenho, competência e lealdade? O Estado não pode nem deve competir com os privados nem em termos salariais nem em quaisquer outros, tem é que criar condições para que se pratique o livre arbitrio, o livre comércio e a livre concorrência regulando e legislando as boas praticas comerciais. Esse sim é o papel do Estado. A senhora defende o Modelo de Estado Pai e Patrão e eu defendo o Modelo de Estado Gestor da Coisa Pública.

      As empresas têm que estar na alçada dos privados e eles é que têm que gerar riqueza que por consequência aumentará os postos de trabalho e a competitividade baseada na competência. Este é o principio mais básico da social-democracia e aquele do qual com este Governo, e bem, nos aproximamos a cada dia.

      Em termos económicos, eu revejo-me cada vez mais neste PSD, acho aliás que está cada vez mais próximo do meu PPD/PSD e é esta a linha que eu pretendo que continue a ser seguida no próximo mandato. Em termos humanos e meramente partidários, é claro que há falhas mas graças à coragem de poucos, também elas vão sendo corrigidas e se esta luta não parar, em breve também figuras ditas “ilustres” serão chamadas à responsabilidade por acções praticadas.

      Prender o Sócrates não foi só um acto de coragem politica mas um acto decorrente da libertação do sistema judicial com a mudança do PGR que permitiu que se dissipasse o medo da era Socrática e Pinto Monteirista.

      A grande maioria das pessoas confia politicamente nesta Coligação o que pode não ser o mesmo de confiar partidáriamente mas não se pode sanar uma bancarrota monumental em contexto europeu, que só por isso a torna diferente das anteriores, resolver os vícios e os lobbies instalados durante 40 anos e resolver os problemas internos de um Partido, tudo em quatro anos quando só a bancarrota demorou 13 anos a ser consolidada. Seria demasiado optimista, não acha?

      Quanto à Segurança Social, todos nós estamos conscientes do enorme buraco e da falta de sustentabilidade que ela apresenta. Se foram feitas SWAPS, porque não se pode jogar na Bolsa desde que de forma consciente e vigiada? As coisas não podem nem devem ser tiradas do contexto até porque isso é demasiado perigoso mas a recapitalização da Segurança Social pelos meios tradicionais é um processo moroso e tempo é coisa que nós não temos ainda mais se tivermos em conta a baixa taxa de natalidade e a inversão da pirâmide que não conseguimos conter. Portanto que for possível jogar na Bolsa de forma controlada e responsável, e sim, isso é possível, porque não? Há empresas seguras e com lucros garantidos e parece-me bastante melhor do que andar a usar os fundos para tapar buracos de empresas públicas, esses sim, crónicos e impossíveis de se resolverem independentemente do tempo que demore.

      A este propósito, encontrei este video que acho explica um pouco esta questão e é de um comentador a quem reconheço algum mérito e conhecimento e espero que seja um pouco esclarecedor:

      http://media.rtp.pt/blogs/agoranos/economia/reformas-que-futuro_4260

      Quando se parte para a análise dos factos com desconfiança é sempre mais do que provável que encontremos mais pontos negativos do que positivos e que vejamos mais dificuldades do que facilidades para além da má-fé que à partida atribuímos às acções ou às intenções mas este Governo, para mal dos pecados de muitos, age com boa-fé e com extrema competência mesmo dadas as circunstâncias, as dificuldades e os boicotes sucessivos de que foi sendo alvo.

      Não podemos nem devemos misturar os temas sob pena de tornarmos a análise confusa e dissociada do tema principal mas acho que consegui responder a todas as questões que coloca.
      Muito obrigada, sinta-se à-vontade para participar sempre que achar pertinente.

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